onsdag 27. juli 2011

Det norske 11.september blir noka anna enn ekstremisten trudde

Portugisisk telegramteneste, LUSA har i intervju med underskrivne fått ei kort analyse av stoda kring terroraksjonane frå høgre-ekstremisten på Utøya og i Oslo. Her er meldingane som går til portugisisk presse:

Paris, França 26/07/2011 12:38 (LUSA)
Temas: Política, Terrorismo, Massacre
   
Paris, 26 jul (Lusa) – O atentado e tiroteio de sexta-feira “acordou a Noruega para uma ameaça aos seus valores”, afirmou hoje um historiador norueguês à Agência Lusa.
“Infelizmente, foi preciso que um louco matasse mais de 70 pessoas para a sociedade ouvir o sinal de alarme”, declarou o historiador Steinar Aas, da Universidade de Bødo (norte), entrevistado por telefone pela Lusa a partir de Paris.
“A Noruega é um lugar estranho para acontecer isto”, afirmou o historiador, sintetizando o choque e surpresa do país perante o duplo atentado de sexta-feira perpetrado por um “fundamentalista cristão”, Anders Behring Breivik.
Pelo menos 76 pessoas morreram, segundo o balanço oficial mais recente da explosão no centro de Oslo e de um tiroteio num campo de férias na ilha de Utoeya, a norte da capital.
A polícia norueguesa pretende que Breivik, detido em Utoeya após hora e meia de tiroteio, seja julgado por crimes contra a humanidade.
“O que eu quero é que ele não tenha nenhuma atenção para as suas ideias e que o julgamento não sirva de oportunidade para espalhar a sua ideologia diante de uma grande audiência. Acho que esse era o principal objetivo dele”, afirmou Steinar Aas, fazendo eco de um sentimento evocado pela imprensa que segue os acontecimentos em Oslo.
“Não queremos sequer que o nome dele seja pronunciado”, acrescentou o historiador.
Steinar Aas sublinhou que “a maioria das vítimas eram muito jovens” e que a Noruega vive “uma tragédia nacional”, um sentimento que será ampliado quando, na próxima semana, os corpos das vítimas forem enviados para as suas comunidades de origem “em todo o país”, onde serão sepultados.
“Somos uma sociedade pequena. Todos conhecem alguém que perdeu alguém nesta tragédia. A minha filha foi para Oslo com uma amiga cuja irmã está gravemente ferida no hospital por ter levado três tiros em Utoeya”, referiu Steinar Aas.
“Além da monstruosidade das ideias de Breivik, há a maldade da execução. As balas que ele usou foram feitas para causar o maior dano possível no corpo da vítima”, salientou o historiador, falando com emoção.
“Talvez dentro de vinte anos ‘ele’ tenha noção do que fez e possa falar do perigo das suas ideias radicais. Talvez isso fizesse diferença. Mas, por enquanto, (Breivik) aparece muito frio e satisfeito”, assinala Steinar Aas.
“É chocante que um ataque destes tenha acontecido na Noruega, onde os grupos de extrema-direita nunca foram moralmente aceites pela sociedade e onde os grupúsculos neonazis nem sequer se manifestam em público, como por exemplo na Suécia ou na Alemanha”, declarou Steinar Aas.
A Noruega foi invadida pela Alemanha nazi em abril de 1940 e ocupada militarmente até à capitulação alemã em maio de 1945.
“Depois da guerra, houve um grande julgamento e todos os colaboracionistas foram condenados. Até mesmo os militantes de base do Partido Nazi Norueguês receberam sentenças de prisão”, recordou Steinar Aas, que tem estudado diferentes aspetos da ocupação e do ambiente ideológico no país durante a guerra fria.
Steinar Aas reconhece, ao mesmo tempo, que nos últimos anos o extremismo ganhou terreno no parlamento e que “os partidos ‘mainstream’ têm sido especialmente duros em relação às comunidades islâmicas”.
O historiador salienta que a islamofobia se refletiu nas análises das forças de segurança, que identificaram alguns elementos islâmicos como ameaças à segurança nacional, descurando o perigo do radicalismo nacionalista.
Steinar Aas recorda o caso de Mullah Krekar, um curdo iraquiano acolhido em 1991 pela Noruega e que foi mais tarde julgado por terrorismo e violação da lei de asilo. “Vários partidos políticos fizeram campanha pela sua extradição”.
PRM
Lusa/Fim
ENTREVISTA/Noruega/Atentado: Tragédia “é o 11/9 norueguês” – historiador
    

Número de Documento: 12855053

Paris, França 26/07/2011 12:38 (LUSA)
Temas: Política, Terrorismo, Massacre
   
Paris, 26 jul (Lusa) – O duplo atentado que provocou 76 mortos numa explosão e num tiroteio, na sexta-feira, “é o 11 de Setembro norueguês” e terá reflexos eleitorais, afirmou hoje um historiador à Agência Lusa.
Steinar Aas, da Universidade de Bødo (norte da Noruega), declarou também que a reação política ao atentado será provavelmente “uma vitória do Partido Trabalhista e um recuo significativo do Partido Progressista” (direita) nas eleições legislativas de setembro.
Nesse sentido, acrescenta, a chacina causada por Anders Behring Breivik produzirá o efeito político contrário ao pretendido no seu manifesto de 1.500 páginas, um programa de direita radical para a Noruega e a Europa.
“As pessoas foram recordadas do que são os valores desta sociedade. Muitos noruegueses neste momento estão a interrogar-se muito dentro de si próprios se pensaram em algum momento alguma coisa que tenha ‘ajudado’ os planos de Breivik”, resumiu Steinar Aas, sintetizando a “introspeção” em que mergulhou a Noruega.
O historiador assinala, a propósito, que “é assustador para muita gente pensar nas ideias subliminares que têm pontos de contacto com a ideologia de Breivik”, marcada pela fobia do Islão e a defesa de uma “pureza” cultural europeia.
“Nos últimos vinte anos, tornou-se aceitável falar à vontade de certas ideias. Isso acabou agora, porque a Noruega acordou para a ameaça aos seus valores”, acrescentou Steinar Aas.
O historiador sublinha que “as pessoas deviam votar segundo o debate de ideias e não com base nas suas emoções, mas é verdade que o facto de o massacre ter ocorrido num campo de férias do Partido Trabalhista e a resposta do primeiro-ministro aos acontecimentos vai aproximar muitos eleitores”.
Steinar Aas levanta mesmo a hipótese de haver algum debate sobre a interdição do Partido Progressista, a segunda maior formação parlamentar, nas próximas eleições.
“As pessoas não são parvas. Esta tragédia foi um terrível sinal de alarme”, resume o historiador.
Steinar Aas recorda que a Noruega “é um país cujo feriado nacional comemora um conjunto de ideias, transcritas numa constituição, em vez de comemorar homens ou batalhas”.
São essas ideias e valores que, neste momento, são identificadas emocionalmente com um partido e com o chefe do governo, Jens Stoltenberg, “um homem que esteve à altura da resposta exigida num momento destes”.
Ao mesmo tempo, Steinar Aas assinala o lado que designa por “chauvinismo nórdico”, uma vez que, “mesmo depois de se saber que foi um norueguês, loiro e de olhos azuis, a fazer aquela loucura, o ponto de comparação das pessoas continuam a ser os atentados da al-Qaida”.
Para o historiador, “ninguém comparou (os acontecimentos de Oslo e Utoeya) com os atentados da ETA ou do IRA e com o facto de na Europa o terrorismo ser em geral feito por europeus”.
Steinar Aas assinalou, a propósito, que a Noruega “tem uma grande ideia de si própria”, como confirmou a repercussão de um falso “post” no Facebook atribuído ao Presidente Barack Obama.
“Neste momento, eu considero a Noruega o maior país do mundo. Nunca vi nada assim”, dizia o “post”. “Era falso mas foi de imediato circulado como um rastilho, em primeiro lugar graças a uma ligação através da página da modelo Jenny Skavlan, que tem 16.000 seguidores”, frisou Steinar Aas.

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